O Parlamento do Irã aprovou nesta quinta-feira, com uma ampla maioria de votos, o nome de Ahmad Vahidi para o Ministério da Defesa. O indicado do presidente Mahmoud Ahmadinejad é acusado de ser um dos mentores de um atentado a um centro judaico que matou 85 pessoas, em Buenos Aires, em 1994. Procurado pela Interpol (a polícia internacional) há dois anos, ele teve nada menos que 227 dos 286 votos possíveis.
O novo ministro foi aclamado pelos parlamentares iranianos sob gritos de "morte a Israel" e "Deus é maior", de acordo com os relatos das agências de notícias internacionais. O próprio Vahidi disse que sua vitória foi "uma bofetada decisiva em Israel". "Todos aqueles que agem contra o Irã irão enfrentar o pulso de aço do governo, nação e Forças Armadas iranianos."
Em 18 de julho de 1994, um carro-bomba explodiu no prédio da Amia (Associação Mutual Israelita Argentina), um centro comunitário judeu, em Buenos Aires. No total, 85 pessoas morreram e 120 ficaram feridas. Vahidi chefiava a Força Quds, divisão especial da Guarda Revolucionária do Irã, na época. Outra autoridade iraniana acusada de envolvimento no episódio é o ex-presidente Akbar Hashemi Rafsanjani (1989-97).
O Irã e a Argentina vivem uma crise diplomática desde então. Quando Vahidi foi apontado ao cargo de ministro de Defesa, o Ministério de Relações Exteriores da Argentina afirmou que o gesto era uma "afronta às vítimas" da ação, ao que o governo de Ahmadinejad reagiu com acusações de ingerência.
Outros ministros
No total, o Parlamento do Irã aprovou 18 dos 21 ministros indicados por Ahmadinejad, que assumiu seu segundo mandato no último dia 5, depois de ser reeleito, em 12 de junho, em primeiro turno, resultado contestado que provocou as maiores manifestações naquele país desde a Revolução Islâmica, ocorrida em 1979.
Entre as candidaturas aprovadas está, além da de Vahidi, a da ginecologista Marzieh Vahid Dastjerdi, primeira mulher a chegar a ministra do Irã em 30 anos. Ela irá ocupar a Saúde. Outros dois nomes femininos foram rejeitados, o de Fatemeh Ajorlu para o Bem-Estar Social e o de Susan Keshavarz para a Educação.
O terceiro nome rejeitado foi o de Mohammad Aliabadi, indicado ao Ministério de Energia. Desde a sua indicação, Aliabadi enfrentava desconfianças devido ao seu currículo porque, atualmente, está encarregado da Organização da Educação Física.
Sempre que um nome indicado é rejeitado, o presidente tem 15 dias para apresentar outro. No entanto, o gabinete já pode começar a trabalhar, e Ahmadinejad marcou a sua primeira reunião para este domingo (6).
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