A liberdade religiosa para os cristãos protestantes no Uzbequistão tem se deteriorado notavelmente desde maio de 2005. Há duas razões para isso: uma bem-entendida e outra nem tanto.
1ª razão: garantia do poder
Como se sabe, a era de ditadores soviéticos dirigindo ex-nações soviéticas está chegando ao fim. O presidente uzbeque Karimov notou que esses antigos Estados soviéticos se tornaram protegidos pelo Ocidente e abraçaram a democracia e a liberdade. Os ditadores comunistas da era soviética, corruptos e apoiadores da Rússia, foram depostos de seu poder em diversas revoluções (na Geórgia em 2003, na Ucrânia em 2004 e no Quirguistão em 2005). Por fim, em dezembro de 2006, o poderoso líder soviético Saparmurat Niyazov, presidente do Turcomenistão, morreu aos 66 anos.
Karimov deseja manter-se no poder, então ele reprime rapidamente qualquer coisa que possa ameaçar sua posição, incluindo a ameaça de religiões não-tradicionais. O islamismo radical (amplamente influenciado pelo exterior) é uma ameaça clara para a Ásia Central. Entretanto, como o cristianismo protestante é visto como sendo essencialmente ocidental, anticorrupção e pró-democracia, Karimov o considera igualmente ameaçador.
Enquanto a repressão e a violência de Karimov ferem a Igreja, elas possibilitaram o crescimento de grupo islâmicos revolucionários e militantes que estimulam a fúria da sociedade.
2ª razão: indiferença ocidental
A outra razão pela qual a liberdade religiosa para os protestantes se deteriorou nos últimos anos é, na verdade, mais importante, mas menos compreendida.
Em 1998, quando o Departamento de Estado dos EUA aprovou seu Ato de Liberdade Religiosa, o Uzbequistão mantinha vários pastores protestantes presos, com longas sentenças de prisão sob falsas acusações de narcotráfico. Não querendo ser considerado um País de Preocupação Específica e assim, sofrer sanções dos EUA, os líderes uzbeques e norte-americanos negociaram a liberdade de seus prisioneiros religiosos.
Em novembro de 2006, depois de dois anos de crescente repressão religiosa, o Departamento de Estado dos EUA incluiu o Uzbequistão na lista de Países de Preocupação Específica. Em 9 de março de 2007, o país sentenciou um importante pastor protestante legalizado a quatro anos de reclusão (leia mais), depois de um julgamento simulado. Fica claro que o Uzbequistão não se importa mais com os EUA ou com sua lista de países perseguidores.
Ponto crítico
Não há duvida de que o ponto crítico foi a revolta de maio de 2005 em Andjian.
Depois desse incidente, o departamento de liberdade religiosa da Aliança Evangélica Mundial (WEA RLC) afirmou que Karimov lutava uma guerra pela sua posição contra o islamismo radical, e antecipava que cristãos protestantes não-tradicionais" iriam, sem dúvidas, serem pegos em meio a subseqüente opressão.
Entretanto, logo após a revolta de Andijan, outro fator somou-se à equação e foi ele que causou os danos mais sérios à situação da liberdade religiosa e dos direitos humanos no Uzbequistão.
Em maio de 2005, o ocidente estava no meio de uma "guerra contra o terror e o Uzbequistão, um aliado-chave nessa guerra, lutava contra sérias questões que diziam respeito a organizações terroristas ligadas à rede terrorista islâmica al-Qaeda. (Uma série de ataques terroristas bem coordenados matou 47 pessoas em março e julho de 2004, os quais atingiram a polícia uzbeque, propriedades privadas e comerciais e as embaixadas norte-americana e israelense.)
Apesar disso, depois do incidente em Andijan, a mídia ocidental, grupos de direitos humanos e políticos rapidamente rejeitaram a afirmação do governo uzbeque de que radicais e militantes islâmicos haviam tentado dar um golpe de Estado. Os grupos ocidentais preferiram aceitar as afirmações vindas de Andijan, alegando que um governo repressivo e violento havia, sem nenhuma razão, massacrado centenas de manifestantes inocentes e pacíficos que se reuniam para condenar a pobreza e a falta de justiça, liberdade e democracia sob o regime de Karimov.
Os EUA decretaram sanções. A partir daí, o presidente Karimov não via mais os EUA como um parceiro e aliado na luta contra o terror. Dois meses mais tarde, em julho de 2005, o presidente Karimov expulsou oficialmente as bases militares norte-americanas do país. Uma delas havia sido estabelecida em decorrência dos atentados de 11 de setembro, para servir de centro de combate e ajuda humanitária no Afeganistão.
Ao mesmo tempo, Karimov se voltou à Rússia, China e à Organização para Cooperação de Xangai, comprometida com a segurança e a "não-interferência", e desejosa de reduzir a influência dos EUA na Ásia Central.
A influência norte-americana no país sofreu um sério golpe. Não só os EUA perderam sua capacidade de induzir a nação uzbeque no que diz respeito à liberdade religiosa como também perdeu o poder de estimulá-lo a buscar reformas e abertura política.
Uma nova onda de perseguição pode estar começando
Não há dúvida de que a perseguição contra a Igreja protestante no Uzbequistão aumentou desde a revolta em Andijan.
Além disso, os muçulmanos foram encorajados pelo fato de o ocidente estar mais interessado nas condições de prisão e direitos civis dos radicais islâmicos do que no terror que eles infligem e na repressão e perseguição que eles tencionam praticar.
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