Nós cristãos protestantes brasileiros temos de admitir um fato: somos politicamente irrelevantes.
Ser relevante politicamente a ponto de exercer pressão sobre o Estado visando a implementação de políticas públicas, a melhoria dos serviços públicos, o cumprimento da lei, é demanda do conceito de justiça que Cristo nos apresenta no evangelho.
Somam-se a isso outros fatos. Temos povo. Algo próximo a 45 milhões de evangélicos. Vivemos numa democracia. A lei está em nosso favor, uma vez que a nossa Constituição Federal exige que o Estado seja guardião dos direitos sociais dos seus cidadãos. O Brasil é signatário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Há fatos que provam a irrelevância política da igreja:
1. Os meios de comunicação, o meio acadêmico, os movimentos sociais, não têm interesse em saber o que pensamos.
2. A classe governante não nos teme. Quem mata, deixa matar, manda matar, conta com a nossa docilidade. Quem legisla, julga, governa, tem como certo que não estaremos à sua porta cobrando compromisso com a justiça e o direito.
3. A nação não nos vê à frente das grandes obras de transformação histórica, que ampliam o bem-estar de todos e promovem o aumento da igualdade de oportunidade de vida.
Somos uma igreja sem mártires. Poucos entre nós estão sendo perseguidos por causa da justiça. Nossos líderes não precisam de coragem para viver o cristianismo. Estranho. Como pode? Seguimos, num país corrupto e violento, àquele que foi morto pelo poder político. O julgamento de Cristo foi levado a cabo por Pilatos com o apoio de uma opinião pública forjada pela liderança religiosa.
Há pecados gravíssimos na nossa nação, que deveriam nos levar às ruas e à denúncia profética direta proferida contra os que conduzem o destino de milhões de vidas humanas no Brasil:
1. Somos um país violento. Sanguinário. As imagens que recebo diariamente revelam que a vida humana perdeu o valor no país. Cerca de 60 mil homicídios por ano. Um banho de sangue acontece neste momento nas nossas mais diferentes cidades, especialmente, no Nordeste.
2. Nossas prisões funcionam como campo de concentração. Quase 600 mil atrás das grades. Mais de 40% dos detentos não foram ainda julgados. Não se sabe se cometeram os crimes que lhes foram imputados. Cerca de 70%, detidos por conta de crime contra o patrimônio e envolvimento com a dinâmica do tráfico de drogas. Quem mata raramente é preso. Ou seja, nosso sistema de justiça criminal prende muito e mal. Prescrevemos pena de detenção para pessoas cuja vida não representa grave ameaça à ordem publica.
3. Apesar de sermos a sétima economia do mundo, estamos entre as nações mais desiguais do planeta. Estou falando de pobreza chocante que atinge milhões de seres humanos. Quase metade das nossas residências não têm acesso a rede de esgoto. Milhões de analfabetos funcionais. Caos na saúde pública.
4. A classe média e os pobres encontram-se submetidos a relações de trabalho que não permitem que lhes sobre tempo para viver. Onde encaixar, na agenda semanal, a leitura de bons livros, o contato com a natureza, o cuidado da saúde, o próprio exercício da cidadania? Homens e mulheres privados do convívio com a família, desenvolvendo hipertensão, vivendo à base de ansiolíticos, tomando remédio para dormir.
5. Por fim, sem pretender apresentar lista exaustiva de aberrações político-sociais, vale ressaltar a falta de transparência e prestação de contas por parte das nossas autoridades públicas. Tão importante quanto termos homens públicos que não se deixem corromper é criarmos mecanismos que tornem a corrupção mais difícil de ser praticada e acobertada.
Termino com as palavras de Cristo no Sermão da Montanha:
"Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós. Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus; pois assim perseguiram aos profetas que viveram antes de vós".
Consolação e encorajamento que, infelizmente, poucos evangélicos brasileiros estão precisando receber. Somos igreja sem profeta.
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