"As nossas lágrimas já se secaram, mas a presença de vocês trouxe cura para o meu coração. Sinto mais segurança com vocês do que com as forças de paz da ONU". Essa declaração teve um peso duas vezes maior: foi feita por uma muçulmana e foi resposta de oração para as 13 brasileiras que embarcaram para o Curdistão, no norte do Iraque, em janeiro. "Não podíamos falar abertamente de Cristo para essa muçulmana, mas ela viu e sentiu Cristo através de nosso grupo," alegra-se Elizabeth Banov, coordenadora do ministério Mulheres do Caminho (MDC).
Essa foi a primeira viagem do MDC. No primeiro dia, o grupo visitou uma creche que atende cerca de 120 crianças e é dirigida por um casal de cristãos. Dois dias após a visita, as mulheres foram informadas pelo casal que a polícia visitou o local e os advertiu a pararem de falar sobre Jesus, e a retirar todos os cartazes cristãos afixados lá, sob pena de a creche ser fechada.
Em outra experiência, o grupo conheceu um dos projetos que a Portas Abertas executa naquela região: o tratamento emocional e espiritual de mulheres que sofreram mutilação genital. "Foi um grande impacto para todas nós conhecer essas mulheres. A prática da mutilação é comum em algumas comunidades locais. Essas mulheres sofreram um grande trauma e, além disso, não conhecem o Senhor Jesus. O trabalho da Portas Abertas vai além do socorro emocional e estende-se a apresentar nosso Salvador a elas", explica Elizabeth. Em todo o trajeto as brasileiras foram motivadas a orar e clamar pela igreja estabelecida assim como pelo país.
"É uma experiência marcante! Quando lemos, imaginamos a situação desses irmãos, mas estar com eles não tem preço, aliás, tem sim, tem o preço do sangue de Jesus derramado na cruz em favor de cada um de nós", compartilhou uma das viajantes nos muitos momentos de devocional que as brasileiras tiveram durante a viagem.
Outro momento inesquecível para as mulheres foi participar de um culto na igreja assíria ortodoxa, onde várias mulheres cantaram e dançaram e mesmo com o abismo entre os idiomas, o entendimento foi visível através da alegria e da presença de Deus, demonstrando que de fato não existem fronteiras. Os projetos da Portas Abertas de distribuição de materiais cristãos e assistência econômica às famílias são fundamentais para que elas sejam sal e luz em sua própria pátria.
MARIA - Muitos cristãos marcaram a viagem. Uma delas foi Maria, cristã oriunda de Bagdá que perdeu sua casa e todo seu patrimônio. Ela e seu esposo migraram para o Curdistão para viver de uma maneira simples numa casa humilde, mas não deixaram a fé. Um desejo que Maria expressou em particular para uma das viajantes foi o de voltar a ministrar histórias bíblicas às crianças, como fazia em Bagdá. O desejo dela é ter a mesma oportunidade na cidade onde está.
Em outra localidade, o grupo conversou e chorou com irmãos que sofreram um grande ataque de radicais muçulmanos. O ataque aconteceu próximo ao Natal e os cristãos tiveram seus estabelecimentos queimados. "Eles não sabiam como iriam recomeçar, mas tinham a certeza que a esperança deles estava em Deus", conta, emocionada, Elizabeth.
Ao longo do ano de 2013, o ministério Mulheres do Caminho realizará outras viagens de campo. Para mais informações, entre em contato através do email: semfronteiras@portasabertas.org.br.
*IRAQUE – o país ocupa a nona posição na Classificação de países por perseguição. O grande foco está em Bagdá e em Mosul e por causa disso muitos cristãos migram para o Curdistão, no norte do Iraque.
*Texto publicado originalmente na Revista Portas Abertas, vol.30 nº10
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