O último dia 01 de abril marcou os 50 anos do golpe que destituiu o presidente João Goulart e instalou o regime militar no Brasil. Durante 21 anos, as Forças Armadas governaram o país, indicando presidentes e decretando Atos Institucionais que limitavam a liberdade política e de expressão.
Durante este período, muitos cristãos – evangélicos e católicos – foram perseguidos pelo regime militar, presos, torturados e até mortos. O blog Mídia, Religião e Política publicou uma lista de nomes de pessoas ligadas ao cristianismo que se tornaram mártires da busca pela restauração da cidadania no país.
De acordo com o texto, a lista foi elaborada por Anivaldo Padilha, coordenador do Grupo de Trabalho ‘As igrejas e a ditadura militar’ da Comissão Nacional da Verdade, em parceria com a Rede Ecumênica de Juventude (REJU).
A lista está dividida entre assassinados/desaparecidos, presos/torturados e/ou exilados e perseguidos. No primeiro grupo, são citados os nomes de:
Alexandre Vanucchi, católico, estudante da Universidade de São Paulo, assassinado em 17 de março de 1973, aos 22 anos;
Padre Antônio Henrique Pereira da Silva Neto, auxiliar direto do arcebispo dom Hélder Câmara, sequestro, torturado e morto em Recife na madrugada de 27 de maio de 1969;
Heleny Guariba, fiel da Igreja Metodista Central, presa em 1970 e em 1971 e desaparecida;
Ivan Motta Dias, líder estudantil presbiteriano, preso em 1971 aos 28 anos, desaparecido desde então;
Padre João Bosco Burnier, assassinado em 12 de outubro de 1976 em Conceição do Araguaia;
Juarez Guimarães de Brito, fiel presbiteriano e líder estudantil, preso aos 32 anos no DOPS de Porto Alegre em 1970, desaparecido;
Paulo Stuart Wright, líder da juventude presbiteriana, foi eleito deputado estadual em Santa Catarina e cassado em 1964 e exilado no México. De volta ao Brasil clandestinamente, foi preso em 1973 aos 40 anos e está desaparecido desde então;
Santo Dias da Silva, líder da Pastoral Operária da Igreja Católica e representante dos leigos na CNBB, foi morto com um tiro nas costas, disparado pelo policial militar Herculano Leonel Morto, no dia 30 de outubro de 1970;
Frei Tito de Alencar, preso aos 24 anos em 1970, torturado e deportado para o Chile. Deprimido, cometeu suicídio em 10 de agosto de 1974.
No grupo de presos/torturado, a lista traz os nomes de:
Ana Maria Ramos Estevão, fiel da Igreja Metodista Vila Nova Cachoeirinha, em São Paulo, presa e torturada em 1970, exilada na França;
Anivaldo Padilha, líder da juventude na Igreja Metodista da Luz, preso em 28 de fevereiro de 1970 e torturado por 20 dias;
Padres Aristides Camiou e François Gouriou, franceses, líderes da Pastoral da Terra, presos e torturados em agosto de 1981;
Carlos Alberto Libâneo de Christo (Frei Beto), preso em 1964 e entre os anos de 1969-1973, torturado;
Celso Cardoso da Silva e Fernando Cardoso da Silva, irmãos, membros da Igreja Metodista Central, presos por conta da denúncia dos irmãos Sucassas da Igreja Metodista, em 28 de fevereiro de 1970 e torturados;
Pastor Dorival Beulke, metodista, preso em 1964 e 1965;
Eliana Bellini Rolemberg, fiel luterana, militante da Ação Popular, presa em 28 de fevereiro de 1970, juntamente com Anivaldo Padilha, torturada por 20 dias, exilada na França;
Padre Françoies Jentel, francês, preso em 1972, foi expulso do país de volta à França;
Missionário Fred Morris, da Igreja Metodista Unida dos EUA, preso em Recife pelo Exército em 1974, barbaramente torturado, acusado de fazer parte de organizações clandestinas e expulso do Brasil;
Idinaura Tucunduva, fiel da Igreja Metodista da Lapa, presa e torturada em 1970, exilada na França;
Frei Ives Lesbaupin, preso aos 23 anos em 1969, torturado e mantido no cárcere até 1973;
Frei João Valença, preso em 1969 e torturado;
Pastor Leonildo Silveira Campos, da Igreja Presbiteriana Independente, preso em São Paulo, em 1969;
Madre Maurina Borges da Silveira, detida no orfanato Lar Santana em 1969, torturada, estuprada e acusada de subversão;
Renato Godinho Navarro, fiel da Igreja Metodista Central de Belo Horizonte, preso duas vezes;
Waldo César, sociólogo, fiel da Igreja Presbiteriana, preso em casa no final de fevereiro de 1967, sofreu tortura psicológica;
Pastor Zwinglio Motta Dias, da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil, irmão de Ivan Motta Dias, preso no Rio de Janeiro em 1971.
O terceiro e último grupo da lista traz os nomes dos cristãos perseguidos:
Antonio Ramozzi, fiel da Igreja Metodista Central, preso em 1 de março de 1971 ao sair do culto matutino. Ficou detido poucas horas;
Clara Amélia Evangelista e Domingos Alves de Lima, membros da Igreja Metodista do Jabaquara e da Igreja do Ipiranga, fugiram da invasão do DOI/CODI na Igreja Central de São Paulo em 28 de fevereiro de 1970, e exilaram-se no Chile, Panamá e posteriormente Canadá. Retornaram ao Brasil com a anistia;
Pastor João Parahyba da Silva, metodista, intimado a prestar depoimento no DOPS;
Lysâneas Maciel, advogado, jornalista e fiel presbiteriano. Teve o mandato de deputado cassado em abril de 1976 por se posicionar contra a ditadura. Exilado entre 1976-1978;
Padre Vito Miracapilo, italiano, banido do Brasil em setembro 1980. Apesar de o decreto ter sido revogado em 1993, somente em 2012 seu visto de permanência foi devolvido.
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