Seguindo sua trajetória de quebrar paradigmas na Igreja Católica, o papa Francisco admitiu pela primeira vez que a denominação tem sido “cúmplice” dos padres denunciados por práticas pedófilas.
De acordo com o pontífice, existe uma “cumplicidade inexplicável” no clero da Igreja Católica com os casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes da denominação. Numa missa realizada na manhã desta segunda-feira, 07 de julho, Francisco pediu perdão às vítimas dos padres.
“Há tempos sinto no coração a profunda dor, o sofrimento, tanto tempo oculto, tanto tempo dissimulado com uma cumplicidade que não, não tem explicação”, disse o papa Francisco, de acordo com informações da agência de notícias France Presse.
A homilia foi descrita pelos jornalistas presentes como “comovente”, pois Francisco teria pedido perdão por várias vezes, após reconhecer que as consequências dos abusos pesam sobre ele próprio e sobre toda a Igreja Católica.
“Alguns sofreram inclusive a terrível tragédia do suicídio de um ente querido. As mortes destes filhos tão amados de Deus pesam no coração e consciência, minha e de toda a Igreja”, afirmou o papa.
Reformas
Desde que assumiu, Francisco vem se propondo a fazer uma reforma na maneira como a Igreja Católica é gerida e na forma como ela se posta em relação à sociedade.
Liderando grupos de trabalho diversos, como os que investigaram o Banco do Vaticano e o lobby gay dentro da Santa Sé, Francisco também vem dando atenção especial aos casos de pedofilia na denominação liderada por ele, e vem cobrando publicamente de seus pares que os casos sejam solucionados.
Uma das possíveis soluções para que os abusos sexuais dentro da Igreja sejam diminuídos seria o fim do celibato obrigatório. Em maio deste ano, Francisco abriu a possibilidade de se discutir o fim da obrigatoriedade, lembrando que o hábito não é uma questão de fé, e portanto, pode ser revista. “A Igreja Católica tem padres casados, católicos ​​gregos, católicos coptas e no rito oriental. Não é um debate sobre um dogma, mas sobre uma regra de vida que eu aprecio muito e que é um dom para a Igreja. Por não ser um dogma da fé, a porta sempre está aberta [à discussão]”, disse à época.
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