Cinco anos se passaram desde o início da Primavera Árabe, que rapidamente se transformou em inverno, quando a violência em larga escala e a instabilidade evoluiu, como forma de protesto contra o movimento que deu início às revoluções populares contra o governo do mundo árabe. A raiz dos protestos iniciais agravou ainda mais a situação dos países, provocando uma forte crise econômica e a falta de democracia. Morsi, o líder da Irmandade Muçulmana, foi derrubado no Golpe de Estado egípcio, em 2013. Ele foi o primeiro presidente eleito democraticamente no país, mas já havia sido condenado à prisão perpétua por espionagem e por ter sido a favor do movimento palestino "Hamas", do Hezbollah libanês e do Irã.
Atualmente, os cristãos olham para trás e vêm como a revolução mudou a igreja. "Agora, o Egito tem um memorando de Constituição aprovado e um parlamento eleito que se reuniu pela primeira vez em 10 de janeiro de 2016. São marcos importantes no Egito e, o movimento da Primavera Árabe, que se iniciou em 2011 foi muito significante. Podemos dizer que, foi uma tentativa desesperada de passar uma mensagem de insatisfação do povo em relação ao governo. As principais reivindicações foram as mais básicas, pão, liberdade e dignidade humana", comenta um dos analistas de perseguição.
No Egito, que viveu durante décadas sob o regime de Mubarak, foi o que permitiu a união do poder e da riqueza para um pequeno círculo da elite política, econômica e de pessoas influentes. "Nós, os outros 85 milhões de pessoas, fomos politicamente marginalizados sob o regime de partido único. Éramos uma nação sem voz e a maioria sofria por não obter serviços de saúde decentes, educação de qualidade e oportunidades justas de trabalho, além de presenciar um sério preconceito de religião, sexo e status social", observou o analista.
O sonho de qualquer mudança política, econômica ou social parecia longe de alcance. "Mas nós oramos, nos mobilizamos e o povo foi para as ruas, decidido a obter qualquer tipo de mudança, por menor que fosse. As mudanças positivas vieram e nós sabíamos que Deus iria intervir. As praças e as ruas ficaram iluminadas com fogos de artifício, e os nossos rostos iluminados pelo Espírito Santo de Deus. Cultos foram organizados nas igrejas para comemorar a queda de um passado doloroso. Nesses primeiros dias da Primavera, vimos um povo realmente desabrochando, florindo e exalando o perfume da alegria. Muçulmanos e cristãos se abraçavam. Nossa equipe de louvor recebeu autorização para agradecer a Deus em público. Levamos nosso teclado e nosso violão e cantamos alegres para Jesus. Pusemos ler a Bíblia no microfone, passando a mensagem da paz de Cristo. Eu ainda me emociono ao lembrar daqueles momentos", relata um cristão que participou de todo o movimento.
Mas, segundo ele, aquela "linda revolução" foi sequestrada. "A Irmandade Muçulmana nos enganou e manipulou a todos. Por qual objetivo? Transformar o Egito num Estado Islâmico, aplicando a sharia. O resultado? Instabilidade política, insuficiência econômica e muitas noites de insônia para os egípcios. "Nunca sabemos o que vai nos acontecer no dia seguinte, vivemos inseguros e sempre preocupados. Eu já chorei muitas vezes, junto da minha família e com a igreja egípcia. Já vimos centenas de carros de som passar em frente à nossa casa, com seus cartazes que proclamam ‘Nós declaramos que o Egito é um Estado Islâmico’. Minha esposa questionou se um dia nossa filha terá que usar um véu e cobrir seu sorriso. Seu olhar era triste e desanimado. E eu mesmo questionei em meu íntimo ‘será que teremos que contrabandear Bíblia?’. Nossa terra, que já foi visitada pelo Senhor Jesus, voltará a ser uma terra seca e sem vida?’", lamenta um outro cristão que não pode ser identificado, por motivos de segurança.
Ore pelo Egito e por todos os países e cristãos que sofrem com o "inverno árabe".
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