Laudo apresentado pelo Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Crea/MS), que isentou a Igreja Universal do Reino de Deus das rachaduras nos imóveis na região central, está com data de “2 de janeiro de 2005”. Assinado pelo engenheiro de avaliação Eduardo Vargas Aleixo, o documento foi contestado pelos moradores, que ameaçam ir à Justiça para conseguir a reparação das fissuras e trincas causadas pelo uso de rolos compactadores vibratórios na pavimentação do estacionamento do megatemplo.
Além da data errada, conforme a consultora holística e moradora da Rua Padre João Crippa, Janete Daisy Bandeira, 49 anos, o perito contratado pelo entidade teria ignorado os imóveis novos. “Considero o laudo do Crea suspeito, apesar de ter sido muito generoso conosco, ignorou os imóveis novos”, afirmou. Ela estima que 90% dos moradores ficaram indignados com o resultado da avaliação, que considerou as rachaduras pré-existentes, que teriam reaparecido ou sido ampliadas em decorrência da construção.
Quando apresentou o laudo, na terça-feira, o presidente do Crea/MS, Amarildo Miranda Melo, informou que a perícia contemplou nove dos 22 moradores que solicitaram a vistoria. Um morador não teria sido localizado em casa e os outros 12 entraram com o pedido após a realização do trabalho pelo engenheiro Eduardo Aleixo.
A engenheira civil Marise Oliveira Ferreira, 32, reafirmou que, apesar de o prédio ter cerca de 80 anos, as rachaduras surgiram após o início da obra externa do megatemplo da Igreja Universal. No entanto, ela não planeja recorrer à Justiça porque os custos dos reparos não compensariam os gastos com advogados e peritos. Ela concordou que algumas fissuras eram pré-existentes, mas teriam sido ampliadas pela obra. Mas discorda quanto o Crea ressalta que não surgiram novas trincas.
Nesta semana, segundo Janete Bandeira, os moradores vão se reunir para decidir a reação ao laudo do conselho. A hipótese mais provável é ingressar com ação judicial, ignorando o documento e aguardando a avaliação de peritos a serem nomeados por um juiz.
Digitação
Chefe de gabinete da presidência do Crea/MS, o arquiteto Horácio Almeida Liberato, confirmou o erro de dois anos e nove meses na data. “Foi um erro de digitação, que não invalida o laudo”, argumentou. Ele disse que o recolhimento das taxas foi feito neste ano.
Sobre a exclusão de casas novas, Horácio Liberato disse que só foram atendidos os primeiros pedidos protocolados no Crea/MS. A entidade recebeu as inscrições pelo período de três semanas e no protocolo-geral, para evitar questionamentos.
Responsável pela obra, a Éfer Construções já tinha antecipado que só iria negociar com os moradores caso o laudo do Crea/MS a responsabilizasse pelas rachaduras.
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