Mulher passou 3 horas presa nas ferragens, semana passada. Não consigo explicar essa atitude de me jogar. Não fui eu quem fez aquilo, afirmou.
Com o semblante tranqüilo, a auxiliar administrativa Daniela Pereira Camargo, de 26 anos, disse na tarde desta segunda-feira (13) ainda não ter encontrado razões para explicar o que a faz se jogar no banco do carona para escapar do grave acidente de carro sofrido dia 7. Por três horas, o Uno que ela dirigia ficou preso entre um ônibus e um caminhão-betoneira, em Campinas, a 95 km de São Paulo.
“Não consigo explicar essa atitude de me jogar. Não fui eu quem fez aquilo. Eu não pensaria tão rápido naquele momento e nem acho que foi reflexo”, contou ela, que atribuiu o movimento a uma obra divina.
Daniela não quis culpar o motorista do caminhão pelo acidente. “Não quero fazer nada contra ele, pois ele não teve culpa”, disse ela, acompanhada dos pais, da irmã caçula e do noivo, no auditório do hospital.
A auxiliar administrativa contou ainda que ficou muito assustada logo após a batida, mas começou a se acalmar quando falou a mãe, Ângela Regina de Camargo, de 52 anos, pelo telefone e no momento em que os bombeiros chegaram para socorrê-la.
Um deles até conseguiu passar pelas ferragens e chegou bem perto da vítima. “Ele tirou o capacete e disse para eu ficar calma, que se acontecesse alguma coisa comigo, aconteceria com ele também”, disse a jovem, que ainda não teve coragem de ver fotos ou imagens do resgate.
Para Daniela, de família católica, o que marcou foi o carinho das pessoas e as palavras de conforto recebidas no local do acidente. “Eu gostaria de poder agradecer cada um. Foram meus anjos da guarda”. Enquanto esperava ser retirada do carro destruído, a jovem ficou o tempo todo com um terço que guarda no carro na mão direita.
“Foi Deus que me empurrou para o banco do passageiro”, acrescentou a jovem, durante entrevista coletiva no Hospital e Maternidade Madre Theodora, onde está internada. Daniela fraturou o pulso esquedo e a bacia. Ela ficará em uma cadeira de rodas por dois meses e ainda não há previsão de alta.
Ao relembrar a batida, Daniela relatou que, mesmo presa ao cinto, foi parar no assento ao lado quando viu pelo retrovisor que o caminhão não conseguiria frear. Da cintura para baixo, ela não tinha movimento nenhum. Com a sorte novamente ao seu lado, o celular “pulou” da bolsa e ficou ao alcance da paciente, que pôde ligar a mãe.
Fratura
O ortopedista Miguel Chati disse que são “pequenas” as chances de a auxiliar administrativa Daniela Pereira Camargo, de 26 anos, guardar seqüelas do grave acidente que sofreu.
“Não descartamos a possibilidade de seqüelas, mas ela é pequena”, afirmou Chati, em entrevista coletiva no Hospital e Maternidade Madre Theodora. Ele disse que a paciente chegou ao hospital com lesões por esmagamento e que a fratura nos lados direito e esquerdo da bacia foi a mais preocupante para a equipe médica. “Ela teve um comprometimento neurológico na perna direita, mas após a cirurgia, já recuperou praticamente 100% dos movimentos”, afirmou o ortopedista.
Para fixar o quadril, os médicos colocaram em Daniela uma placa de aço na parte posterior da região da bacia. Já o pulso da paciente recebeu pinos de aço para ajudar na calcificação do osso. Eles devem ser retirados em outra cirurgia, que deve ocorrer em dois meses.
O médico destacou a tranqüilidade de Daniela durante todo o processo de recuperação. “Ela se mostrou uma pessoa muito lúcida e tranqüila com relação ao estado dela. Achei surpreendente a atitude depois de tudo o que aconteceu”.
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