O Grupo Interconfessional Universitário (G.I.U.), que congrega várias confissões religiosas, decidiu envolver-se no debate sobre o aborto. “Diálogo pela vida” quis ser um espaço onde contando com a presença de diferentes personalidades “se contribuísse para um debate vivo mas também para um diálogo sereno e honesto”, sublinha o Pe. António Bacelar, director do Secretariado Diocesano da Pastoral Universitária do Porto. Para isso o G.I.U. contou ontem na Alfândega do Porto com presença de várias pessoas que quiseram contribuir também para o esclarecimento.
A promoção do debate surge num tempo em que se vive a semana da unidade dos cristãos. Sendo um grupo informal “sem nenhuma delegação oficial das Igrejas”, aponta o Pe. Bacelar, o texto não resulta por isso de nenhuma tomada de posição oficial. Mas assume claramente “dentro das diferentes histórias e percursos das diferentes confissões”, uma posição “clara pelo Não”.
Há uns meses atrás, regista o Padre António Bacelar, “reflectimos sobre a temática do aborto e tendo agora ganho um amplo destaque quisemos dar o nosso contributo ao debate”. O texto, que serviu de base para lançar o debate, foi elaborado dentro do G.I.U. “e foi realizado a partir de documentos das diversas Igrejas e das reflexões pessoais das pessoas do grupo”, não constituindo de qualquer forma “uma posição oficial das Igrejas”, explica o director da Pastoral Universitária do Porto.
No texto o G.I.U. lamenta que “as autoridades que legítima e democraticamente nos governam apenas tenham para oferecer a solução aparentemente mais fácil, banalizando como direito legalmente consagrado o descarte da vida em gestação”. E assinalam também que é uma desresponsabilização atribuir exclusivamente à mulher “a decisão de interromper a vida”.
O dever de proteger a vida humana é para o grupo de cristãos universitários “um princípio indiscutível, representando, mais que um imperativo moral absoluto, um factor ontológico da nossa natureza, razão de segurança e perenidade e, como tal, condição de renovação e felicidade”, asseguram.
No texto, apontam que a questão colocada a referendo “é um equívoco” e propõem uma política de protecção à vida, que “respeite todo o ser humano”, que promova “formas efectivas de apoio e valorização das mães e pais em dificuldades, que optam pelos seus filhos” e reclamam iniciativas que “combatam o envelhecimento da população”, através de apoios sociais, melhoria de cuidados de saúde e adequação da legislação laboral.
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